De Alice em Alice, Adriana Peliano (ela estuda e vivencia Alice desde criancinha) se abriu em Maravilhas! Uma destas é seu Livro Fabuloso (palavra esta, por sinal, aqui muitíssimo bem empregada), cujo texto não se perde em narrativas, senão que se lança a um alcance inusitado, fruto do criativo diálogo que trava com as ilustrações às quais ele pertence.
É preciso que se diga: essas ilustrações que dão vida a ‘Alice em 7 Chaves’ (64 páginas, Ed. A Mascote, Belo Horizonte, 2021), são colagens de Adriana feitas sobre outras ilustrações das clássicas edições de ‘Alice no País das Maravilhas’, de Lewis Carrol (1832-1898), e ainda sobre obras de expoentes mestres da pintura como Claude Monet e Hieronymus Bosch, dentre outros artistas alicelucinantes, obras e ilustrações estas das quais a artista-autora incorpora fragmentos e cria associações oníricas por meio de sobreposições e deslo(u)camentos. Só vendo mesmo essa loucura pra poder admirar!
Em ‘Alice em 7 Chaves’, um verdadeiro Reino do Impossível, também vale seguir os conselhos da Rainha Branca: antes que abramos sua primeira página, melhor é já nos pormos a acreditar em pelo menos 6 coisas impossíveis, isso tudo ainda antes do café da manhã. Até porque nesta obra, texto e ilustrações (todas incríveis, dotadas de sedutora riqueza estética) funcionam juntos numa conversa afiada inaudita, capaz de encantar qualquer Chapeleiro Louco.
Se por um lado Peliano põe seus leitores num labirinto, por outro nos oferece 7 Chaves com as quais nos convida a abrir Mágicos Portais, acesso todos eles para aventuras Alissurreais, em que a única lógica presente são a do assombro e desconcerto, envoltas nas brumas de sonhos alicisérgicos através dos quais, conduzidos pela pena e arte de Adriana, somos alçados a mundos outros impensados, repletos de desafios enigmágicos e divertimentos a dar à sua criação um caráter de livro-jogo, um fértil combinatório de imagens e ideias que se desdobram feito mandalas que, por sua vez, se transformam em relógios, alixires, maluquices florosóficas, trasflormações e metamorflores, viagens alicináticas, jogos enigmágicos e outras malucalices tão reais, mas tão reais, que são puro faz-de-conta.
A grande questão, esclarece-nos a autora, é que quando Alice chega ao jardim da Rainha Branca, pouca gente disso se dá conta (não sei de ninguém que antes assim me tenha dito), não é lá o Jardim da Realização que ela, Alice, antes havia visto, no início da história, através da fechadura de uma daquelas portinhas que havia no buraco em que caíra. Diante disso, propõe-nos a autora: “Resta saber se algum de nós saberia chegar até ele”. Daí o porquê das 7 Chaves, todas mágicas, para que tentemos com elas acessar nossa oculta e mais feliz realização pessoal, aquela que habita esse Jardim em que nossa alma, distante de tudo que ilude ou mais engana, se descobre pura feito Alice num Mundo de Maravilhas.
SERVIÇO: Essas pedras preciosas, esses raros exemplares de ‘Alice em 7 Chaves’ (todo maluco criativo que se preze precisa rapidalicemente ter o seu) podem ser adquiridos com a própria autora, pelo e-mail: alicemaravilha@gmail.com R$ 80,oo (este valor geralmente já inclui o frete, mas consulte a autora) OBS: se for dar de presente: ATENÇÂO: o Ministério da Saúde adverte: este livro pode causar surtos de alicespantos; portanto, só presenteie gente realmente criativa a quem falte pelo menos um, senão os 4 dentes do siso. Isto porque gente cartesiana periga não entender nada de nadinha mesmo.
SOBRE ELA: Adriana Peliano é artista visual, ilustradora, colagista e especialice que, entre outras maravilhas, em 2009 fundou a Sociedade Lewis Caroll do Brasil, da qual é Presidente.
TAMBÉM INCRÍVEL: ‘Alice em 7 Chaves’ traz um QR code (e ainda um link) que dão acesso a uma igualmente fabulosa trilha sonora composta pelo músico Paulo Beto; são músicas para que nós, leitores, possamos viajar ao tal Jardim Secreto da realização. Quem de nós, em sã consciência alicedélica, não amaria encontrar o seu? BILÍNGUE: Você pode optar por obter seu livro também na versão em inglês: 'Alice and the 7 Keys' (Underline Publishing, 2021).
Paulo Urban: www.amigodaalma.com.br