Dino Vicente, Rodrigo Gontijo, Sergio Basbaum
3 filmes de Alice editados com música ao vivo e jogos de palavras imbrincados em estado de livre improvisação. Assim que cheguei Alice se levantava e desdobrava no plano astral num truque cinematográfico de um filme muito antigo (1915). Entrei em uma experiência de liminaridade entre o sonho e a vigília. Como um sonho lúcido viajando dentro do sonho de outra pessoa que viaja dentro do sonho de outras pessoas que viajaram no sonho de Lewis Carroll. Uma viagem entre registros, texturas, materialidades, editados na ação e na paixão do tempo. Modular, repetir, insistir, sobrepor, diluir, estender, borrar, arranhar, acoplar, fluir e tantos outros verbos. No limiar entre a narrativa, a memória de cenas e personagens tão conhecidos e a história que se perde numa espécie de não lugar. Filmes queimam como óleos psicodélicos no limiar do desconhecimento. Alice é matéria prima na qual podemos nos perder, deslocar e multiplicar sentidos, já que o nonsense é a “falta de sentido que produz excesso de sentido”. E é sempre bom lembrar também que, como disse Deleuze, o sentido se passa na fronteira.