7 April 2021

Nicolau Sevcenko fala de seu encantamento por Alice

 

Rosângela Rennó
 
“Alice para mim é muito esse lado impulsivo, esse lado criativo, esse lado irreverente, que agente tende a associar com a infância, com a juventude, e que obviamente vai sendo sufocado em cada um pelo processo educativo e pelo modo que vamos nos sujeitando às regras do meio social e às injunções de uma vida professional que acaba criando uma série de limitações e nos põe num trilho que nos torna imensamente previsíveis e que de certa forma aniquila a Alice que há em cada um de nós.

Eu acho que todo mundo é Alice.  Alice para mim é o brilho nos olhos quando você sente a vivacidade, quando você sente a pulsação, quando você sente essa vibração que todo ser humano tem em si, aquele elemento singular, aquela espécie de energia íntima, criativa, espontânea, imprevisível, que faz de todo ser humano uma surpresa permanente desde que ele tenha esse espaço e essa possibilidade de colocar o seu brilho para fora, de irradiar, de brilhar. Alice para mim é esse brilho, essa irradiação.

O que eu acho que o livro faz é essa mágica de deflagrar o gatilho de Alice de cada um e uau! Quando agente entra no  mundo da Alice agente se torna Alice. Nesse sentido Alice está em todos nós, todos nós somos Alice, em suma: Alice é o melhor de cada um de nós.”

Nicolau Sevcenko, 2009.

Entrevista inédita, transcrição minha.