ali
Poems of the Brazilian poet Paulo Leminsky, inspired by his two dear Alices:
his wife Alice Ruiz and Alice in Wonderland.
só
ali
só
ali
se
se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse
se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce
ali
bem ali
dentro de alice
só alice
com alice
ali se parece.
Paulo Leminski
Caprichos e Relaxos. p. 18
ali
se alice
ana vê alice
como se nada visse
como se nada ali estivesse
como se ana não existisse
vendo ana
alice descobre a análise
ana vale-se
da análise de alice
Paulo Leminski
Caprichos e relaxos. p.77
ali se visse
Abelardo Morel
quanto alice viu
espaçotemponave para alice
frag
mentos
do naufrágio
da vida
jogado
na praia
de uma terra desconhecida
por isso
nos apertar
tanto
nos juntar
tanto
juntos enfrentar
a noite
dos espaços interestelares
Paulo Leminski
Caprichos e Relaxos. p. 51
e não disse.
Abelardo Morel
se ali
você me alice
eu todo me aliciasse
asas
todas se alassem
sobre áquas cor de alface
ali
sim
eu me aliviasse
Paulo Leminski
Caprichos e Relaxos. p. 33
ali se dissesse
quanta palavra
O ensaio de Róbison Benedito Chagas, Alice no país de Leminski, "mostra um pouco da escritura liminskiana a partir de quatro poemas que biscam a afirmação poética através do nome Alice e da palavra ousada alice. E é com o nome da mulher amada que ele percorre um vasto caminho, dando amostras de um eu poético voltado ao experimentalismo e atrelado ao seu lirismo meio lúdico de cjogar com o nome que não é só nome. É, além de tudo, poesia."
"Leminski sempre buscou o sentido, trazendo-o à tona, às vezes, das formas mais inusitadas possíveis, como nestes quatro poemas que se seguem, núcleo de um grupo em que o eu-poético se mistura ao homem Paulo Leminski e Alice Ruiz, a mulher, a poeta à fonte de várias escrituras. Aqui podemos ver refletido um Leminski voltado para o experimentalismo, fundando o “seu” sentido na palavra que reflete sua própria imagem, alice. Seria possível pensar que os poemas para Alice expressam um projeto poético fundado no conteúdo da forma, ou seja, no sentido que se manifesta na engenharia do poema. Leminski também é Lewis Carroll, pensa o ato da escritura, personificando-o em alice. Nesse ali se espelha alice."
O ARTIGO INTEIRO PODE SER LIDO AQUI
veio e não desce
Alice Ruiz por Vilma Slomp, 1992.
ali
bem ali